Vigília na <i>Ensul Meci</i>
Desde dia 17, quinta-feira, os trabalhadores da Ensul Meci permanecem em vigília frente às instalações da sede da construtora, no Monte de Caparica, reclamando o pagamento de remunerações em atraso.
Produção e emprego são do interesse do País
Exigem igualmente garantias quanto ao futuro da empresa e dos seus cerca de 500 postos de trabalho, e procuram impedir que continue a ser dali retirado património.
Com os trabalhadores, em manifestação de solidariedade, esteve uma delegação da Comissão Concelhia de Almada do PCP. Marcaram igualmente presença eleitos da CDU na freguesia de Caparica e nos órgãos do município. O problema foi colocado sexta-feira na AR, pelos deputados comunistas eleitos no distrito de Setúbal.
Numa nota que divulgou no primeiro dia da vigília, a União dos Sindicatos de Setúbal acusou a administração – demissionária, no quadro de um falado processo de insolvência – de discriminar trabalhadores, ao deixar-lhes em atraso os salários, desde Março, e os subsídios de alimentação, desde Fevereiro. A estrutura distrital da CGTP-IN afirma ter havido má gestão, que provocou perda de obras por falta de investimento e de aquisição de material, numa situação com «contornos estranhos».
«Poderá estar em causa um processo para fazer com que parte dos trabalhadores que têm os salários em atraso ponha termo ao seu contrato de trabalho, pois existem obras onde os salários e demais retribuições estão em dia e o fluxo de trabalho é normal», alerta a USS, lembrando que «não é a primeira vez que a Ensul Meci utiliza expedientes menos próprios para se livrar de trabalhadores».
O Secretariado da Comissão Concelhia de Almada do PCP manifestou-se «frontalmente contra» o caminho da insolvência, «em particular em empresas como a Ensul Meci, que têm condições para continuar a laborar e manter os postos de trabalho». Numa nota divulgada dia 18, salienta-se que «este mecanismo, ao qual muitas empresas recorrem para se libertarem dos trabalhadores sem custos, serve para o agravamento da exploração, o empobrecimento e o afundamento do País», quando o rumo necessário «passa pela valorização do trabalho e a criação de emprego, e assegurar uma política patriótica e de esquerda».
Mirandela
Entrou na terceira semana consecutiva a vigília dos trabalhadores da Mirandela Artes Gráficas, em Santo Antão do Tojal (Loures), pelo pagamento dos salários em atraso e pela garantia da salvaguarda dos seus direitos. A União dos Sindicatos de Lisboa realça que têm resistido «às pressões e chantagem da entidade patronal», que insiste em manter a laboração da empresa sem respeitar compromissos de toda a ordem, principalmente o pagamento dos salários.
Desde 2006, recorda uma nota da USL/CGTP-IN, a empresa não paga os subsídios de férias e de Natal, e não cumpre as obrigações em matéria de saúde, higiene e segurança. Em plenário, na segunda-feira, à porta da empresa, com a presença do coordenador da USL, os trabalhadores decidiram participar na concentração convocada pela Fiequimetal para anteontem, junto ao Ministério da Economia, para exigirem a intervenção do Governo na resolução da grave situação que estão a viver.
Fersoni
Na sexta-feira, os ex-trabalhadores da Fersoni, em Famalicão, realizaram uma marcha de quase três quilómetros, para exigirem o pagamento dos salários em atraso. Fátima Coelho, delegada sindical, disse à agência Lusa que estão em dívida os meses de Janeiro e Fevereiro, mais sete dias de Março e ainda o subsídio de Natal, assegurando que «não vamos desistir dos nossos salários».
A fábrica de confeções fechou em Março. Tinha cerca de 90 trabalhadores, que estão a receber o subsídio de desemprego. A administração impôs uma semana de férias no Carnaval, alegando que iria procurar encomendas no estrangeiro, mas dias depois veio a notícia de que a empresa iria fechar, por dívidas que ascenderão a um milhão de euros.
Os representantes dos trabalhadores da metalurgia e metalomecânica, do material elétrico e eletrónico, da química e farmacêutica, do papel, indústria gráfica e imprensa, da energia e das minas exigiram anteontem, em Lisboa, junto do Ministério da Economia, medidas concretas para dinamizar a produção nacional, promover a criação de emprego e garantir o aumento geral dos salários. Na iniciativa da Fiequimetal, em que interveio o Secretário-geral da CGTP-IN, foi exigido que parem todos os casos de ameaça de despedimento e que o Governo ponha fim às situações de salários em atraso e de lay-off, tratando com urgência os casos das empresas Mirandela, Pinto & Bentes, Cirera & Silva, Cifial, Ral, Haworth, Tóiguarda, Ensul Meci, Salema & Merca, SEAE, Inapal Plásticos, Beira Rio e Fabrequipa